Com o passar do tempo, os cabelos embranquecem, a pele enruga e de repente, o adulto se torna um velho. O mais comum nessa fase é enxergar que em alguns casos perdeu seu lugar na sociedade, na família, no trabalho.
De uns tempos para cá, o número de idosos aumentou ainda mais.
Nos EUA a expectativa de vida, que no início do século era de 47 anos, atualmente é de 74 anos: 12% da população é composta por pessoas de mais de 65 anos.
No Brasil essa população ocupa a fatia de 4,9% e no estado de São Paulo equivale a 5% (SEADE 1992).
A velhice, em todas as suas manifestações, nem sempre é muito analisada por ser considerada a fase menos agradável da vida.
Mas antes temos que responder algumas questões como:
Quando o indivíduo começa a envelhecer?
A partir de que momento considera-se o indivíduo um idoso?
Existem muitas controvérsias: alguns autores consideram o início do envelhecer a partir dos 25 anos, idade na qual se atinge o desenvolvimento máximo.
Outros adotam 66 anos como sendo a idade legalmente considerada de início da velhice (Douglas, 1994).
Já outros autores sustentam a idéia de não rotular 66 anos como a idade do aparecimento dos sintomas da velhice pois muitos tem superado muito bem a velhice e nem aparentam ter 66 anos, no corpo externo nem internamente.
Tudo é relativo hoje em dia... buscam cada vez mais uma melhor qualidade de vida e assim está difícil classificar idade.
A verdade é uma só: o momento do início, assim como a forma e a velocidade em que a velhice se instala dependerá das características pessoais de cada indivíduo e das influências do meio em que vive.
- MAS COMO A FONOAUDIOLOGIA PODE AJUDAR A TERCEIRA IDADE?
FONOAUDIOLOGIA É A PROFISSÃO DA ÁREA DA SAÚDE QUE PESQUISA, PREVINE, E TRATA AS ALTERAÇÕES DE COMUNICAÇÃO, AUDIÇÃO, VOZ E FUNÇÕES VITAIS COMO SUCÇÃO, MASTIGAÇÃO E DEGLUTIÇÃO.
A atuação fonoaudiológica envolve a aplicação de medidas de caráter amplo (imunizações, aconselhamento, planejamento familiar, etc.) dirigidas às doenças em seu aspecto global e implica também em medidas específicas, (orientações e aconselhamento), algumas a serem aplicadas antes mesmo que a doença ocorra e, outras, em qualquer estágio da evolução das patologias da comunicação.
O que mais evidencia no processo de envelhecimento são as alterações da comunicação.
Podemos afirmar que a origem de muitos distúrbios da voz e da fala encontra-se na desarmonia do nosso sistema neurológico, físico, psicológico e social.
A gagueira, a rouquidão, os vícios de pronúncia, os tremores na voz, a rigidez na articulação, a variabilidade da altura, do tom e de timbre, os transtornos na ressonância, alterações na deglutição e etc, podem ser resultados de um funcionamento anormal de um ou de vários dos conjuntos dos sistemas mencionados.
Daí a necessidade de um pronto diagnóstico fonoaudiológico, a fim de que se possa dar o necessário encaminhamento, como também a responsabilidade do fonoaudiólogo de informar e sensibilizar a todos que oferecerão serviços a essa população, evitando assim maiores danos à saúde.
Em suma, a atuação fonoaudiológica está baseada numa abordagem, onde procuramos trabalhar a comunicação dentro de manifestações bio-psico-sociais.
A VOZ, A FALA E O CORPO RELATAM MUITO DE NOSSA SAÚDE; CONTENDO SINAIS QUE NÃO PODEMOS DESPREZAR SENDO INDICATIVOS DE PROBLEMAS NEUROLÓGICOS, ORGÂNICOS, PSICOLÓGICOS E FUNCIONAIS.
PATOLOGIAS QUE PODEM SURGIR NA TERCEIRA IDADE
Presbiofonia: envelhecimento da voz
Embora o processo de envelhecimento seja progressivo e inevitável, existem grandes diferenças entre indivíduos na forma e extensão com que as alterações ocorrem. Diversas pesquisas demonstram que pessoas com a mesma idade cronológica exibem diferentes níveis de performance cognitiva, sensorial, motora e qualidade vocal, que dificulta a identificação da idade pelos ouvintes.
Considera-se como um o período de máxima eficiência vocal dos 25 aos 40 anos, sendo que a partir dessa idade ocorre uma série de alterações estruturais na laringe.
O inicio do envelhecimento vocal, seu desenvolvimento e o grau de deficiência vocal dependem de cada indivíduo, de sua saúde física e psicológica e de sua história de vida, além de fatores constitucionais, raciais, hereditários, alimentares, sociais e ambientais, incluindo aspectos de estilo de vida e atividades físicas, desta forma é possível a modificação do curso das alterações vocais do envelhecimento através de exercícios, boa nutrição e estilo de vida saudável, o que explica como alguns atores, cantores ou outros profissionais da voz atuante, as alterações na voz devido ao envelhecimento podem ser menos proeminentes ou mesmo não ocorrer.
Alterações respiratórias, tensões musculares, problemas de postura, podem gerar o mau uso dos mecanismos do aparelho vocal impedindo uma voz natural.
Presbiacusia - envelhecimento do aparelho auditivo: É uma das perdas que mais prejudica a capacidade de comunicação.
A exposição a ruídos, estresse, uso de certos medicamentos e deficiências alimentares são alguns fatores da perda auditiva. A queixa típica do idoso com esse quadro é que escuta, mas não entende o que lhe é dito.
Disfagia - dificuldade em engolir o alimento ou tosse, engasgos frequentes : As causas mais comuns são os problemas neurológicos como AVC, TCE, Parkinson, Mal de Alzheimer, miastenia gravis, distrofia muscular, esclerose lateral amiotrófica, paralisia cerebral, entre outros., mas também pode ocorrer por flacidez muscular, hábitos inadequados de alimentação ou uso de alguns tipos de medicamentos.
Distúrbios da motricidade oral: são mudanças anatômicas e/ou funcionais do mecanismo oral que podem afetar diretamente a fala e outras funções, como mastigação e a deglutição. As causas mais comuns são ausência de dentes, problemas periodentais, atrofia dos músculos mastigatórios, prótese mal ajustada e podemos também encontrar alterações na deglutição e linguagem nas doenças neurológicas.
ALTERAÇÕES MAIS COMUNS ENCONTRADAS NA 3A IDADE :
-> Diminuição do paladar (não consegue mais sentir plenamente o gosto dos alimentos, ocasionando aumento na adição de temperos)
-> Diminuição da saliva
-> Lentidão na hora da mastigação, seja pelo envelhecimento dos órgãos como a língua ou por uso errado da prótese (dentadura)
-> Ter que fazer o ato de engolir várias vezes para que o alimento todo desça
-> Dificuldade em engolir alimentos duros, fibrosos e secos
-> Engasgos freqüentes e tosse após engolir
-> A voz torna-se grave em mulheres e aguda nos homens
-> Mau uso de aparelhos de amplificação auditiva
-> Presença de refluxo gastro-esofágico
-> Próteses dentárias (dentadura) mal adaptadas
_> Dificuldade ou incapacidade de escutar e/ou distinguir sons, principalmente em ambientes ruidosos.
Quando procurar um fonoaudiólogo?
- Alterações na mastigação, na mudança da consistência alimentar, na deglutição alterada, diminuição da sensibilidade oral, diminuição da produção de saliva, declínio da sensação gustativa e do olfato com diminuição da sensação do prazer em comer, desordens nutricionais, má higiene oral, voz molhada durante a refeição ou refluxo alimentar nasal, grande acumulo de saliva na boca, dores ao engolir, febres constantes, lesões na mucosa, alterações de integibilidade da fala insatisfação estética orofacial.
- Alteração na capacidade de comunicação: - cansaço na produção da voz, esforço, dor e/ou sensação de ardor á produção vocal, dor muscular na região da cintura escapular, sensação de corpo estranho na laringe, tremor vocal, estridor inalatório, hipernasalidade, disartrias e as dispraxias.
- Diminuição da sensibilidade auditiva acompanhada ou não de zumbido, redução na inteligibilidade da fala, isolamento social, Incapacidade auditiva (igrejas, rádio e TV), intolerância a sons, Dificuldade de participar de conversação ou falar ao telefone. - dificuldades da linguagem, dificuldades de memória persistentes, dificuldades em nomear objetos, em interpretar uma história.
- Alterações da linguagem e da cognição no idoso: problemas de memória, de concentração e de fala.
A intervenção fonoaudiológica na terceira idade permite uma atuação abrangente, podendo ser preventiva ou terapêutica.